Bissau: Filme e debate com Diana Andringa e Flora Gomes - “Operação Angola – Fugir para Lutar”
Descrição
O Camões – Centro Cultural Português em Bissau, em parceria com o Centro de Estudos Sociais/Projeto Crome e Edições Corubal apresentam no dia 28 de setembro de 2017, o documentário “Operação Angola – Fugir para Lutar”, seguido de um debate sobre a história e memória da descolonização, com Diana Andringa (realizadora do filme), Flora Gomes e o sociólogo António Spencer Embaló.
Em Junho de 1961, cerca de 60 estudantes das então colónias portuguesas - entre os quais os ex-presidentes de Cabo Verde e Moçambique, Pedro Pires e Joaquim Chissano, e os ex-primeiros-ministros de Angola e Moçambique, Fernando Van Dunen e Pascoal Mocumbi - fugiram clandestinamente de Portugal, onde se encontravam, para escapar à repressão pela polícia política da ditadura portuguesa, a PIDE, evitar a mobilização militar ou juntar-se aos movimentos de libertação.
A fuga coletiva foi levada a cabo com o apoio do Conselho Mundial das Igrejas e a participação ativa de uma organização ecuménica radicada em França, a CIMADE. Foram jovens protestantes norte-americanos que, seguindo diretivas da CIMADE, conduziram os fugitivos de Lisboa, Coimbra e Porto para França, atravessando a Espanha franquista, onde chegaram a ser presos.
O documentário Operação Angola - nome de código dado à missão - refez essa viagem, com dois desses protestantes norte-americanos - Charles RoyHarper, Chuck, que os conduziu em Portugal e Bill Nottingham, que os conduziu em Espanha - e o angolano Miguel Hurst, ator e filho de um dos casais participantes na fuga - Jorge e Isabel Hurst - introduzindo, ao longo da viagem, descrições feitas por vários outros fugitivos em entrevistas realizadas em 2011, em Cabo Verde. Esta iniciativa desenvolve-se no âmbito do projeto CROME – Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais - que tem como objetivo fazer uma história da memória das guerras coloniais e das lutas de libertação. Assume uma perspetiva comparativa, baseada em trabalho de investigação a desenvolver em Portugal, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Procura-se analisar a produção de memórias de guerra na antiga potência colonial, nos territórios onde esta se desenrolou e nos outros onde, não tendo existido luta armada, o idioma anticolonial adquiriu centralidade.
CROME pretende refletir sobre os legados da guerra, do colonialismo e do anticolonialismo presentes na definição dos processos de construção nacional e no modo como, em diferentes tempos, lugares e contextos, se foi mobilizando a memória e organizando o esquecimento.
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