Maputo: Exposição de Fotografia “Água”, de Mário Macilau

Descrição

Após a suspensão temporária da Galeria devido às medidas de prevenção da pandemia do COVID-19, o Camões – Centro Cultural Português em Maputo reabriu no dia 12 de agosto, com a inauguração da exposição “Água”, de Mário Macilau, renomado fotógrafo moçambicano, vencedor de vários prémios e com uma vasta carreira internacional. A cerimónia foi transmitida em direto pelas redes sociais.

“Água”, um projeto do Camões – Centro Cultural Português em Maputo, conta com o patrocínio da WaterAid Moçambique e o apoio da Art Dispersion (Portugal) e estará patente ao público de 13 de agosto a 2 de outubro de 2020, de segunda a sexta-feira, entre as 11h00 e as 17h00, respeitando todas as medidas adequadas de higiene e segurança em vigor.

Mário Macilau descobriu a paixão pela fotografia aos 15 anos, tendo já apresentado o seu trabalho em países como a Malásia, China, Bangladesh, Portugal, Espanha, Bélgica, Bulgária, Itália, Zimbabwe, África de Sul, Austrália, Alemanha, Suíça e Suécia.

O projeto desta exposição enfatiza a importância da água e o acesso à mesma. Num período como o que atravessamos, mais do que nunca, a água é essencial ao saneamento e higiene comunitários. Mário Macilau apresenta uma série de fotografias dedicada a alterações climáticas e a questões relacionadas com a temática da água como bem fundamental de vida para a Humanidade. A série apresentada nesta exposição foi registada durante os últimos 3 anos, em Moçambique, maioritariamente na província do Niassa, distrito de Cuamba, no âmbito de um projeto desenvolvido com comunidades locais apoiadas pela WaterAid Moçambique, uma organização não governamental baseada no Reino Unido, que dedica a sua atuação a nível mundial na área da Água, Saneamento e Higiene.

A convite do Camões – Centro Cultural Português em Maputo, o projeto da exposição “Água” conta com a especial participação do historiador e escritor João Paulo Borges Coelho, que publicou anteriormente um livro com o mesmo título e apresenta de forma inédita nesta mostra uma reflexão poética sobre a série de fotografias cujo tema admite despertar um peculiar interesse.

 

 

Nota biográfica do fotógrafo:

Mário Macilau (Maputo, 1984) vive e trabalha entre Maputo e Lisboa (Portugal).  Após a independência e durante a Guerra Civil em Moçambique a sua família passou grandes dificuldades financeiras e mudou-se da província de Inhambane para Maputo à procura de uma vida melhor. Com 10 anos, Macilau começou a trabalhar num mercado para ajudar o sustento da família. Em 2003, Macilau iniciou a sua atividade fotográfica e em2007, lançou-se como fotógrafo profissional. Poucos anos depois, o seu talento atravessou fronteiras, tendo o fotógrafo sido galardoado com diversos prémios internacionais de relevo, viajado muito e visto o seu trabalho publicado em algumas das mais prestigiadas galerias, feiras de arte e exposições por todo o mundo. A sua fotografia destaca a identidade, questões políticas e condições ambientais, trabalhando, por vezes, com grupos socialmente isolados, para sensibilizar o seu público não apenas das muitas injustiças e desigualdades sociais no mundo, mas também para mostrar histórias de humanidade, irmandade, vitória, amor e esperança. Com frequência, o retrato é o seu ponto de partida, sendo a sua abordagem instrumental para a revelação de uma perspetiva mais ampla.

Em 2015, foi publicado o seu primeiro livro de grade formato pela a editora alemã Kehrer Verlag, contando com contribuições escritas de Roger Ballen, Mia Couto, Simon Njami e Olivia Nitis, bem como uma entrevista conduzida por Gabriela Salgado. O livro apresenta o seu projeto a longo prazo com as crianças de rua de Maputo, tendo o fotógrafo convivido com elas, por forma a obter um conhecimento profundo da sua realidade. 

Vencedor de diversos prémios em que se destacam: 2011 Prémio da Fundação EVTZ, Alemanha; 2011 Prémio Santa Lucia, Espanha; 2011 Prémio AECID para criação; 2011 Prémio de Talento, Embaixada Francesa, Maputo; 2012 Primeiro prémio do Projeto de Proteção em Washington D.C., EUA. O fotógrafo foi convidado a participar num programa de direitos humanos em conjunto com o Gabinete das Nações Unidas, a World Press Photo e a Universal Rights Group (2016). Macilau foi ainda eleito pela revista Foreign Policy como um dos 100 Leading Global Thinkers, numa cerimónia em Washington D.C. (2015), Lens Cultures em 2017 e o prémio francês Denis Diderot, 2019.

O trabalho de Macilau tem sido presença assídua em exposições individuais e coletivas, tanto no seu país natal como no estrangeiro. São disso exemplos a Feira de Arte 1:54 em Londres, Reino Unido (2018); Art Madrid em Madrid, Espanha (2018 e 2019); Art Marbella, Espanha (2018); Terceira Bienal de Fotografia de Pequim, Pequim, China (2018); Unseen, Amsterdão, Holanda (2018); Feira de Arte FNB de Joanesburgo, África do Sul (2018); a Cimeira Mundial do Clima, São Francisco, EUA (2018); o High Museum of Art em Atlanta, Geórgia, EUA (2018); Festival IPhoton, Valência, Espanha (2017); Festival Photomonth de Cracóvia, Cracóvia, Polónia (2017); o Festival Indiano de Fotografia — IPF (2017); Hyderabad, Índia (2017); Semana de Arte de Berlim na Galeria Kehrer, Berlim, Alemanha (2017); Festival Photobook da Sicília, Sicília, Itália (2017); Festival de Fotografia do Porto, Porto, Portugal (2017); “I don’t like Black People but I do like you”, Galeria Paulo Nunes, Portugal (2017); Festival de Fotografia de Tbilisi, Tbilisi, Geórgia (2017); Feira de Arte AKAA, Paris, França (2016). Macilau foi também selecionado pelo Fotofestiwal de Łódź, na Polónia, para apresentar a sua primeira monografia, “Crescer na Escuridão”, numa monumental exposição em nome próprio no âmbito do festival intitulado “Discovery Show” (2015). Outras exposições em nome próprio dignas de nota incluem: a participação do fotógrafo na 56.ª Bienal de Veneza, Itália (2015), “The Road Not Taken” na The Auction Room, Londres (2015); “Nada Como o Tempo”, curada por Berry Bickle, na Galeria Kulungwana em Maputo (2015); "Entry Prohibited to Foreigners, Havremagasinet" — Centro de Arte de Boden, Suécia (2015); "The Pangaea: New Art from Africa and Latin America", Galeria Saatchi, Londres, Reino Unido (2014); "Bienal Fotofest", Houston, Texas, EUA (2014); entre muitas outras. O seu trabalho está presente em muitas coleções privadas e públicas de todo mundo.