Vigo: Inauguração da exposição "Naturezas", de Sofia Brito

Descrição

No âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o Camões – Centro Cultural Português em Vigo inaugura a exposição "Naturezas", da artista plástica Sofia Brito, no dia 9 de junho de 2023, às 19h00. 

No mesmo dia, durante o período da manhã, está também prevista a realização de uma masterclass para alunos de Artes Visuais e Design, sob a orientação de Sofia Brito.

A exposição "Naturezas" ficará patente na sala de exposições do CCP em Vigo até ao dia 31 de julho de 2023.

 

Sobre a artista

Sofia Brito, nasceu em Setúbal, em 1973. Vive e reside em Ponta Delgada desde 1998. É professora de Artes Visuais (Escola Secundária Laranjeiras) e tem desenvolvido projetos artísticos como artista plástica, aderecista, figurinista, na área da cenografia – desenvolvimento de projetos de teatro e artes de rua ou circenses, e ilustradora artística – desenvolvimento de projetos pessoais artísticos e Papercut art.

Sobre a exposição

Não raras vezes, a maturidade começa no desejo místico de desenhar recortando de forma a transmitir aquilo que considera belo e indispensável.

Esta parece ser a intenção do trabalho de Sofia Brito que, tendo estudado e trabalhado em artes cénicas e adereços e procurado desde a licenciatura em design gráfico até ao mestrado em ilustração artística a sua linguagem própria, encontrou a essência da sua arte.

Desenha recortando, criando de forma artesanal representações da natureza e do seu imaginário onde a linha é a linha de corte no papel. Na simplicidade e na crueza do suporte, procura aquilo que lhe dá mais gozo: criar uma ilustração 2D em que o jogo das sobreposições e das sombras que os recortes projetam resultam em imagens ilusórias e de grande minúcia.

Há um empenho completo no ato de criar, há uma espécie de mistério e fascínio pela arte oriental do recorte do papel e pela tradição antiga do recorte artesanal decorativo português.

Ao observarmos o trabalho em papercut da artista, este obriga-nos a reconhecer semelhanças entre a realidade do exercício do recorte e aquilo que os nossos olhos observam quando nos encontramos serenos no meio da floresta. Quando olhamos, tudo é simples, mas cuidadosamente simples. Quando observamos, imaginamos. As formas simples da natureza.

Aquilo que é registado nos recortes emerge da paisagem envolvente. Nos dias de hoje, a necessidade intrínseca de procurar estar no meio da natureza ganha sentido no que recorta. A imagem percecionada vai-se transformando e adaptando ao longo do processo criativo.

A forma de ver o papel como abrigo imediato de pensamentos que fluem, explorados pelas próprias mãos, faz com que o papel quase vá sendo assumido como tecido e que os recortes sejam como bordados ou rendilhados. O papel apresenta-se cru, sem ser pintado, e possibilita uma manipulação livre, tornando-se o recetáculo de uma visão ou de um conceito que se torna mensagem. Há uma exploração física do espaço branco, onde o recorte ganha força e ao mesmo tempo fragilidade.

O papel é o suporte do trabalho que dá corpo à ilustração. O papel e o recorte possibilitam que a matéria ganhe uma certa tridimensionalidade graças às suas sombras. E é a projeção das sombras da peça na parede que faz da ilustração uma arte cénica.

É possível criar o nobre através do recorte a cru de papel. Na simplicidade de um recorte, encontra-se o orgânico da natureza. Num gesto puro e simples, libertário, e, por vezes, inconsciente, há uma simbiose entre o artesão e o artista.