O premiado documentário A Cidade dos Mortos (2009), sobre a vida no maior cemitério do Cairo, da autoria de Sérgio Tréfaut, vai ser exibido pela primeira vez na capital egípcia, a 13 de fevereiro, na presença do realizador português.
A projeção do filme, que será seguida de uma sessão de perguntas e respostas sobre a realização do documentário com o próprio Sérgio Tréfaut, terá lugar no Instituto Cultural Italiano, em Zamalek, um bairro da cidade do Cairo, no âmbito de uma sessão organizada pelo projeto Rising Stars – Itinerant Cinema in Egypt, entidade responsável pelo Masry Asly FilmFest 2012, que tem como objetivo promover a cinematografia independente no Egito.
Tendo tido um apreciável sucesso, expresso em 13 prémios internacionais, o documentário é visionado pela primeira vez no Cairo «graças à colaboração do Instituto Cultural Italiano, à Embaixada de Portugal e ao Instituto Camões», segundo uma nota dos organizadores do evento.
O documentário, preparado e rodado ao longo de cinco anos (2004-2009), procura «dar a ver a alma invisível do cemitério», que constitui «a maior necrópole do mundo» e onde vivem «um milhão de pessoas», reza a sinopse. Estendendo-se por mais de 10 quilómetros ao longo de uma autoestrada, «dentro do cemitério há de tudo: padarias, cafés, escolas para as crianças, teatros de fantoches...», não deixando ao mesmo tempo de «ser uma aldeia, com mães à caça de um bom partido para as filhas, rapazes a correr atrás das raparigas, disputas entre vizinhos».
A estreia do filme no Cairo, na Townhouse Gallery, chegou a estar prevista para 27 de novembro passado, numa iniciativa do leitorado de língua portuguesa na Universidade de Ain Shams, «mas não foi possível apresentá-lo devido a acontecimentos que ocorriam na vizinha Praça Tahir», segundo a leitora, Maria Abreu Pinto.
Agora, o público cairota vai poder finalmente «apreciar este documentário surpreendentemente invulgar» e os cinéfilos e cineastas egípcios terão também a oportunidade de «partilhar as suas opiniões com o realizador Sérgio Tréfaut, cujos documentários foram apresentados em mais de 30 países e receberam vários prémios e menções internacionais», adianta a Rising Stars.
Sérgio Tréfaut nasceu no Brasil em 1965, filho de pai português e de mãe francesa. Após um mestrado em filosofia na Sorbonne (Paris), começou a sua vida profissional em Lisboa, onde trabalhou como jornalista e assistente de realização, tornando-se gradualmente produtor e realizador, diz uma nota biográfica inserida no seu sítio na internet.
Os seus principais títulos são Outro País (1999), Fleurette (2002), Lisboetas (2005) e A Cidade dos Mortos. Lisboeta, que lhe trouxe grande notoriedade, foi o primeiro documentário português a estar três meses consecutivos em cartaz. A sua primeira longa-metragem Viagem a Portugal, no ano passado, foi a sua primeira obra de ficção.
Sérgio Tréfaut dirigiu durante vários anos o Doclisboa - Festival Internacional de Cinema e foi presidente da Apordoc (Associação Portuguesa de Documentários).