A primeira exposição na África do Sul do fotojornalista português João Silva, intitulada “Imagens de Guerra”, vai ser inaugurada a 24 de outubro de 2014, às 18h30, no Museum Africa, Newtown, em Joanesburgo, quatro anos e um dia depois dos seus ferimentos quase fatais no Afeganistão.
Co-fundador do celebrizado The Bang Bang Club, grupo de jovens fotógrafos que reportou a violência perpetrada durante o regime sul-africano do apartheid, distinguido com diversos prémios, nomeadamente o prestigiado World Press Photo, João Silva perdeu as duas pernas durante uma reportagem no Afeganistão, ao pisar uma mina.
Esta mostra, que resulta de uma parceria entre o Museu e o Consulado-Geral de Portugal em Joanesburgo, tem o apoio da Embaixada de Portugal em Pretória e do Camões, IP.As imagens em exibição são da África do Sul, Iraque e Afeganistão – os países que tiveram maior impacto na vida do repórter.
A exposição, que fez parte da 25.ª VISA pour L'Image Photo Festival, em Perpignan (França, 2013), explora a brutalidade da guerra e a obsessão de João Silva em documentá-la. O blogue do New York Times, Lens Blog, designou-a como uma exposição de meio de carreira.
João Silva começou a fotografar em 1989 e o seu percurso como freelancer para o Johannesburg Herald iniciou-se em 1990. Em 1992 foi contratado como fotógrafo do The Star (Joanesburgo) e em 1994 juntou-se à Associated Press. Em 1996 começou a trabalhar para o The New York Times e tornou-se jornalista freelancer para a África Austral.
Além da África do Sul, trabalhou, nomeadamente, no Afeganistão, Angola, Brasil, Balcãs, Geórgia, Israel, Iraque, Paquistão, Somália e Sudão. Em 1992 ganhou o Prémio South African Press Photographer of the Year e foi selecionado para o Joop Swart World Press Photo Masterclass, em 1995. Ganhou igualmente vários prémios de fotografia, entre os quais o World Press Photo e o Overseas Press Club of America.
Em 2000 co-fundou, com Greg Marinovich, The Bang Bang Club. Cinco anos mais tarde, João Silva publicou o livro In The Company of God, que documenta as consequências da ocupação norte-americana no Iraque.
No dia 23 de outubro de 2010 perdeu as duas perdas ao pisar uma mina no Afeganistão. Durante a sua recuperação num hospital militar norte-americano, foi agraciado com o título de Chevalier de l'Ordre des Arts et des Lettres pelo governo francês.
A 15 de março de 2012 recebeu do governo português a Ordem da Liberdade, destinada a homenagear serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização. No mesmo ano foi ainda agraciado com o título Doutor Honoris Causa em Fine Arts pela Corcoran School of Arts and Design em Washington DC, EUA.