Foi assinado no dia 11 de junho de 2017, no Rio de Janeiro, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e do Primeiro-Ministro, António Costa, um Memorando de Entendimento entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., o Real Gabinete Português de Leitura, o Liceu Literário Português e a Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V para a constituição da Associação Luís de Camões.
Este acordo, rubricado pela Presidente do Camões, I.P., Ana Paula Laborinho, e pelo Presidente das outras três instituições, Comendador Francisco Gomes da Costa, tem como principal finalidade a participação ativa do Camões na gestão do Real Gabinete de Leitura e estreita articulação com o Liceu Literário do Rio de Janeiro, associação de matriz portuguesa que também integrará a associação Luís de Camões, e visa a preservação do património que compõe o acervo cultural, social, educacional e histórico de Portugal, ligado às atividades do Real Gabinete Português de Leitura, do Liceu Literário Português e da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V.
O Primeiro-Ministro defendeu que, "pelo menos por 30 anos, fica garantida a perenidade das três instituições históricas do Rio de Janeiro: o Real Gabinete Português de Leitura, o Liceu Literário Português e a Real e Benemérita Caixa de Socorros D. Pedro V”.
António Costa advogou mesmo que estas três instituições deverão ser a base para a promoção da língua portuguesa na América Latina.
"O Governo fez um enorme esforço em termos de avaliação no que respeita às necessidades financeiras. Mas este acordo representa a gratidão em relação à atividade de cada uma destas três instituições", declarou o líder do executivo português.
O Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro será também o novo guardião da biblioteca do último chefe de Governo do Estado Novo. A Associação Luís de Camões, no Rio de Janeiro, irá supervisionar os 17.963 títulos e 21.506 volumes do único património que Marcello Caetano levou para o exílio no Brasil, e que doou à Universidade Gama Filho onde deu aulas. Entre as publicações mais antigas e valiosas da biblioteca de Caetano, destaque para uma edição de 1731 das “Memórias de D. João I”.
A transferência simbólica foi assinalada numa cerimónia, no Real Gabinete de Leitura, no Rio de Janeiro, na manhã do dia 11 de junho, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e pelo Primeiro-Ministro, António Costa.
O Real Gabinete Português de Leitura (RGPL) é uma entidade cultural com mais de 180 anos de existência e com um enorme prestígio cultural no Rio de Janeiro.
Tendo sido fundado em 14 de maio de 1837, por cerca de 40 portugueses, entre médicos, advogados e empresários, o Real Gabinete Português de Leitura completou 180 anos de existência em 2017, sendo esta a associação mais antiga criada pelos portugueses do Brasil após a independência de 1822.
O acervo bibliográfico do Real Gabinete Português de Leitura é muito valioso para a cultura portuguesa e está disponível para o público. A biblioteca do Gabinete guarda, aproximadamente, 350 mil volumes entre obras raras, manuscritos, cartas e primeiras edições. Esta recebeu de Portugal, pelo estatuto do “depósito legal”, um exemplar das obras publicadas no país, sendo a única instituição, fora do território português, que mantém este privilégio.