A exposição "Nascimento, de mar a mar, uma odisseia editorial" em homenagem ao português Carlos George Nascimento (1885 – 1966), figura de extraordinário relevo para a edição e produção da literatura do Chile, país onde viveu desde 1905, vai ser inaugurada no dia 10 de dezembro de 2014 na Biblioteca Nacional chilena, em Santiago.
Esta mostra multidisciplinar, que ficará patente ao público até março de 2015, é uma iniciativa da Embaixada de Portugal em Santiago do Chile e do Leitorado do Camões, I.P., em colaboração com a Biblioteca Nacional do Chile.
Pela primeira vez, ao público chileno será oferecida uma visão ampla de quem foi Carlos George Nascimento, nas suas manifestações enquanto cidadão português no Chile, cujas origens se situam na ilha do Corvo, arquipélago dos Açores, e enquanto editor visionário e promotor da literatura chilena.
Carlos George Nascimento foi o fundador da editora “Nascimento”, que durante cerca de 70 anos teve um papel pioneiro, singular e decisivo na publicação e divulgação da obra de alguns dos mais importantes escritores chilenos, entre os quais os prémios Nobel da Literatura Gabriela Mistral e Pablo Neruda, e outros internacionalmente conhecidos como Nicanor Parra.
Como refere Felipe Reyes, autor da mais recente e completa biografia do cidadão português intitulada Nascimento, el editor de los chilenos (2014), aquando do seu fecho a editora Nascimento tinha publicado 35 dos 37 Prémios Nacionais de Literatura chilena.
Os visitantes serão ainda convidados a experimentar a "odisseia editorial" de Nascimento, percorrendo a Galeria de Cristal da Biblioteca Nacional do Chile e salas adjacentes onde estarão expostas fotografias de Carlos George Nascimento e da editora que fundou, primeiras edições e antigos exemplares de livros que publicou, cartas e material de arquivo do espólio familiar cedido para este evento inédito e único pela sua neta, Ximena Nascimento.
Os painéis da exposição permitem seguir uma linha de tempo na qual acontecimentos marcantes da História do Chile, de Portugal e do mundo se cruzam de uma forma poeticamente sincrética com a história pessoal de Carlos George Nascimento.
Neste percurso histórico e imagético pretende-se igualmente transportar o público “de mar a mar” através de imagens da ilha do Corvo, terra natal de Nascimento, acompanhadas por citações da obra de Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas, relato da longa digressão do escritor pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira entre junho e agosto de 1924.
As fotografias expostas são da autoria do português Jorge de Barros que ilustrou, com peças inéditas, o referido clássico da literatura portuguesa de viagens. Serão também apresentados trabalhos do fotógrafo e ilustrador brasileiro Pedro Hamdan.
A viagem proporcionada pela exposição completa-se com a exibição de um excerto do documentário do realizador português Gonçalo Tocha "É na Terra Não é na Lua" (2011), vencedor da competição internacional da IX edição do Festival DocLisboa, figurando como um paralelo cinematográfico a um diário de bordo no qual se registam impressões de partidas e regressos e que tem como centro narrativo a ilha vulcânica do Corvo.
A exposição beneficia também do apoio generoso da Municipalidade do Corvo, do Instituto Açoriano da Cultura e da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça-Horta.