Este ano, com o lema: “Investir em adolescentes, meninas e rapazes, através da formação e informação, de modo a assegurar a realização do objetivo de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina até 2030” são muitas as pessoas, as organizações e as comunidades que se juntam e dizem não a todas as formas de Mutilação Genital Feminina (MGF), que atingem negativamente milhões de meninas e mulheres em todo o mundo, bem como as suas famílias e países.
Mais de 200 milhões de meninas e mulheres vivem hoje com uma forma de Mutilação Genital Feminina. Em 2019, de acordo com os dados disponíveis, 4.1 milhões de meninas viveram e sofreram os riscos da MGF. Os números continuam a crescer a uma média anual de mais 4,6 milhões. Se não se apostar clara e efetivamente na prevenção, haverá mais de 68 milhões de vítimas até 2030. Mesmo nos países onde a prática é criminalizada, falta investimento em prevenção primária - a prática persiste, magoa, vulnerabiliza e mata. Em 2020, em presença da maior geração de jovens de sempre, é necessário reforçar o trabalho de prevenção com adolescentes e jovens e para que a mudança aconteça:
- As meninas, raparigas e mulheres precisam de ter pleno acesso a serviços sociais de educação, formação e saúde que as protejam da MGF.
- As comunidades praticantes além de declararem o abandono da MGF precisam de ser capazes de resistir e manter a ação vigilante que garanta que nem mais uma menina seja sujeita à MGF.
- Os programas de cidadania, igualdade, desenvolvimento e direitos humanos precisam de incluir, de forma explícita, o abandono da MGF e outras Práticas Nefastas.
- As meninas, raparigas e mulheres sujeitas a algum tipo de MGF, precisam de ser porta-voz e donas dos seus próprios destinos como ativistas, rostos e agentes de mudança.
- As meninas, raparigas e mulheres precisam de viver vidas mais saudáveis e felizes, com educação formal, cuidados de saúde, trabalho digno, empoderadas e capazes de tomar as suas próprias decisões.
- A educação sexual compreensiva, os cuidados de saúde sexual e reprodutiva e a participação em igualdade sem discriminação de género, necessitam ser parte integrante de todos os programas dirigidos a jovens em contexto escolar, comunitário ou de campanha.
- Dar visibilidade a mulheres e a homens que apoiam pública e politicamente o empoderamento das jovens e mulheres, à luz dos instrumentos de direitos humanos, igualdade e desenvolvimento.
Por culturas e tradições que não magoam, não ferem e não ofendem os direitos fundamentais, neste 6 de fevereiro de 2020, a 10 anos da conclusão da Agenda 2030 e para que nem mais uma menina seja vítima de MGF é urgente que rapazes e raparigas nas escolas, nos movimentos sociais, nas diferentes comunidades, nas lideranças e também nos diferentes meios de comunicação reforcem a atenção e as ações sustentáveis que assegurem o abandono de todas as discriminações e Tolerância Zero a todas as formas de Mutilação Genital Feminina.
Imagem: Nações Unidas Brasil (nacoesunidas.org)