Eduardo Lourenço, de 97 anos, morreu hoje, dia 1 de dezembro de 2020, em Lisboa.
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, partiu para França, em 1949 a convite do reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, com uma bolsa de estágio da Fundação Fulbright. Em 1953 iniciou uma carreira académica, tendo lecionado em diversas universidades europeias e americanas, e exercido as funções de Leitor de Cultura Portuguesa nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, em Montpellier e no Brasil. Foi Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Roma. Em 1999, assumiu as funções de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que tem em curso a publicação da sua obra integral.
O tema da Europa, e do lugar de Portugal na Europa, é recorrente na obra do autor. "O Labirinto da Saudade", de 1978, o seu trabalho mais celebrado, é o exemplo de "um discurso crítico sobre as imagens que de nós próprios temos forjado", nas palavras do próprio autor.
Eduardo Lourenço recebeu o Prémio Camões (1996) e o Prémio Pessoa (2011).
Entre outras distinções, recebeu as insígnias de Grande Oficial e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Era Oficial da Ordem Nacional do Mérito, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e da Legião de Honra de França.
O Presidente da República lamentou a morte de Eduardo Lourenço, afirmando “Eduardo Lourenço foi, desde o início da segunda metade do século passado, o nosso mais importante ensaísta e crítico, o nosso mais destacado intelectual público”. Também o Primeiro-Ministro realçou que este momento é "um convite a conhecer a obra" de Eduardo Lourenço e de prosseguir a reflexão que o ensaísta deixa: "Seguramente seria a sua vontade".
O Camões, I.P. manifesta pesar pela partida de um grande pensador, que nos lega um vasto património ensaístico que a todos caberá continuar a promover. A criação, pelo Camões, I.P., de duas Cátedras em seu nome - em Marselha (2018) e Bolonha (2005) – traduzem a grandeza intelectual de Eduardo Lourenço e os estudos transversais e seminais que o conjunto da sua obra hoje representa no panorama cultural português e europeu.
Quarta-feira, dia 2 de dezembro de 2020, será dia de luto nacional.
Com LUSA e RTP