Com o apoio do Camões, I.P., o Camões - Centro Cultural Português no Luxemburgo inaugurou, a 9 de dezembro de 2020, a exposição "Nódoas", de João Jacinto, com a presença do artista.
A exposição estará patente ao público até 3 de março de 2021 e a sua visita deverá ser reservada num dos seguintes horários: 18h30; 19h00; 19h30 e 20h00.
Sobre a obra de João Jacinto:
"De uma certa forma, podemos considerar que a história das imagens se faz contra a história da escrita. As imagens, algumas imagens, chegam-nos como corpos perdidos, por entre as malhas da censura, para além da história, enquanto provas imanentes de que o labor do inconsciente - como um astro à deriva no espaço cósmico - é a mais perene, longeva e palpável ligação entre os homens.Na sua célebre pintura de juventude, Medusa, Caravaggio diz essencialmente duas coisas, uma repetida dos Gregos antigos, a outra inventada por ele: que as imagens matam e que a pintura, qual guilhotina ao serviço da academia, faz separar a cabeça do corpo. Era, claro, contra os valores do Renascimento que o jovem pintor se posicionava, rejeitando uma herança terrível, aos olhos dele normativa, ordenadora e asséptica. Trazer a sujidade para o espaço da tela, tornar a imagem em imagem-matéria, os corpos em corpo-carne, os homens e as mulheres em seres-desejantes cujo horizonte de expectativa não mais seria a eternidade prometida da pintura bem-pensante mas o amor e a beleza incomensuráveis, a violência e a morte. O absoluto na terra. Para sempre aqui e agora.
Nuno Faria em "O céu recuou dez metros: João Jacinto", Lisboa, Documenta, 2017
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