Seis anos depois de ter sido apresentada pela primeira vez em Lisboa, no Castelo de São Jorge, onde foi vista por 27 mil pessoas, a exposição Mértola, o último porto do Mediterrâneo, chega a Tlemcen, na Argélia, onde decorre a Capital da Cultura Islâmica de 2011.
A inauguração, a 16 de fevereiro, será acompanhada de uma conferência sobre o Património Islâmico em Portugal – arqueologia e valorização pelo autor da exposição, o historiador Santiago Macias, professor da Universidade de Coimbra e membro da direção do Campo Arqueológico de Mértola, a vila do baixo Alentejo situada junto ao rio Guadiana.
A exposição sobre Mértola levada àquele país norte-africano pela Embaixada de Portugal em Argel com o apoio do Instituto Camões, parte do trabalho de investigação recolhido em livro por Santiago Macias, apresentando ao público «uma síntese de conhecimentos referente as territórios de Beja e de Mértola entre os séculos V e XIII».
Promovida pelo Campo Arqueológico de Mértola e preparada a pensar na itinerância pela produtora Terra Culta, a exposição é constituída por 21 painéis de grande formato, por folhetos explicativos e por um DVD com as imagens de reconstituição em 3D da Basílica Paleocristã do Rossio do Carmo (século V) e do Bairro Islâmico (século XII) da vila.
Num texto de apresentação da exposição, a produtora Terra Culta escreve que a exposição realizada a partir da investigação de Santiago Macias, que deu origem a uma extensa obra em 3 volumes, «se centra, sobretudo, na vila-museu, identificando os diferentes aspetos da topografia e da evolução do sítio ao longo de vários séculos». Mértola foi um porto de mar onde se falava grego, latim, hebraico e árabe, e ponto de encontro de comerciantes, aventureiros, mercenários e religiosos, oriundos de toda a parte.
«O trabalho alarga-se, ainda assim, a outros locais, com propostas sobre a ocupação islâmica de Beja, Moura, Serpa, Castro da Cola etc., e põe em relevo as características da islamização do território e a sua permanente ligação ao Mediterrâneo», que, quando foi cortada, fez cair a vila no Guadiana no esquecimento.
«Foi preciso esperar 750 anos para que o labor do Campo Arqueológico de Mértola arrancasse à terra as memórias de um tempo perdido. Durante quase três décadas o CAM escavou, investigou, recuperou sítios, publicou, fez museus».
Desde que foi apresentada a primeira vez, a exposição já esteve, nomeadamente, na Fundação Millenniumbcp, no Centro Cultural de Cascais e no Festival Islâmico de Mértola. Permanecerá aberta ao público em Tlemcen até 16 de março.