Moçambique e Cabo Verde destacam-se no topo da lista de países recetores da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) de Portugal, segundo os dados relativos a 2011 divulgados a 20 de dezembro pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
De acordo com os números finais sobre a APD dos membros do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, os dois países receberam de Portugal, respetivamente, 170 e 179 milhões de dólares, em 2011, num total de 708 milhões de dólares (509 milhões de euros) de APD líquida.
De 2010 para 2011, a APD de Portugal cresceu 59 milhões de dólares (9%), tendo passado de 0,29 para 0,31 por cento do Rendimento Nacional Bruto, contrariando o movimento registado pelos principais doadores que viram a ajuda aos países em desenvolvimento cair cerca de 3% em 2011, «rompendo uma longa tendência de aumentos anuais».
Sem ter em conta anos excecionais de alívio da dívida dos países em desenvolvimento, «esta foi a primeira queda desde 1997», segundo o CAD da OCDE, que indica pressionarem nos próximos anos os «orçamentos apertados» dos países da organização os níveis de ajuda.
Os restantes países na lista dos dez que mais receberam apresentam valores individuais que não chegam à casa da centena de milhões de dólares. Timor-Leste, que aparece logo depois de Moçambique e Cabo Verde, recebeu 31 milhões de dólares em APD portuguesa. São Tomé e Príncipe (27 milhões de dólares), Angola (18), Guiné-Bissau (15), Brasil (8), Afeganistão, Sérvia (6 cada país) e China (3) completam esta tabela.
A média de 2010 e 2011 da APD bilateral por regiões revela que foi para a África ao Sul do Saára que a maior parte da APD de Portugal convergiu: cerca de 385 milhões de dólares. A região designada “Outra Ásia e Oceânia” (que se distingue da região da Ásia Central e do Sul) foi a segunda maior recetora nesta categoria, com um saldo de 34 milhões de dólares. Com a Europa nos 26 milhões de dólares.
Nos gráficos agora disponibilizados é ainda possível analisar a distribuição por setores, como a educação, saúde, ou ajuda humanitária, e a distribuição por grupo de rendimentos, dos países menos desenvolvidos aos países com rendimentos médio-altos.
Depois de terem sido reveladas, em abril de 2011, as estatísticas preliminares sobre a APD, os gráficos agora publicados pretendem proporcionar uma leitura mais detalhada. Em análise está a APD e outros indicadores relacionados com ajuda e desenvolvimento por parte dos países membros do CAD, agentes multilaterais, bancos de desenvolvimento regional, diversos países não-membros do CAD e ainda fluxos da Bill and Melinda Gates Foundation. De acordo com a OCDE estes dados englobam 95% dos gastos globais em ajuda pública ao desenvolvimento.