Depois de muitos espetáculos em Portugal e em várias partes do mundo, os Bonecos de Santo Aleixo apresentam-se na Polónia, a 29 de maio, na 24.ª edição do Festival Internacional de Marionetas de Bielsko-Biała, que decorre de 25 a 30 de maio.
Os Bonecos de Santo Aleixo, dirigidos por José Russo, vão apresentar o Auto da Criação do Mundo no palco pequeno do Teatro Polski de Bielsko-Biala, cidade do sul da Polónia.
Os Bonecos de Santo Aleixo, propriedade do Centro Dramático de Évora (Cendrev), são manipulados por ‘uma família’, constituída por atores profissionais, que garantem a permanência do espetáculo, assegurando assim a continuidade desta expressão artística alentejana, de grande importância em Portugal, segundo reza a sua página na internet.
Desde 1982, quando após serem adquiridos em 1978 pela Assembleia distrital de Évora ao Mestre António Talhinhas foram confiados ao Cendrev e por este restaurados e o seu reportório recolhido e fixado, os bonecos realizam anualmente entre 20 e 40 espetáculos, parte dos quais no estrangeiro, tendo já sido apresentados em Espanha, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Grécia, França, Moçambique, Alemanha, Macau, China, Índia, Tailândia, Brasil, Rússia e México.
Estes títeres tradicionais do Alentejo parecem ter tido a sua origem na aldeia que lhes deu o nome no concelho de Monforte, distrito de Portalegre.
São títeres de varão, manipulados por cima, à semelhança das grandes marionetas do sul de Itália e do norte da Europa, mas mais pequenos – de 20 e 40 centímetros, indica a página do Cendrev.
Os Bonecos que hoje em dia se apresentam são réplicas daqueles que foram pertença da família Talhinhas durante cerca de três décadas e que a partir de 1967 foram «dados a conhecer ao mundo culto» por Michel Giacometti e Henrique Delgado.
Por volta dos anos de 1975 ou 1976 e ainda após uma tentativa por parte da Secretaria de Estado da Cultura para revivificar a sua apresentação, Talhinhas viu-se sozinho e impossibilitado de realizar o espetáculo. Mas foi somente em 1978 que o projeto de conservação dos Bonecos se pôde concretizar, graças à intervenção da Assembleia Distrital de Évora, que adquiriu todo o material ao Mestre Talhinhas.
O Centro Cultural de Évora ficou depositário de todo o espólio, e a recolha do repertório iniciou-se em 1980 com os ensaios de ‘manipulação’ e ‘elocução’ dirigidos pelo Mestre, trabalho que ficou concluído durante o ano de 1994 com a recolha de todos os textos tradicionais que a excelente memória de Talhinhas conservou.
Os Bonecos usados nos espetáculos são réplicas fielmente reproduzidas com a colaboração de Joaquim Rolo, artesão da aldeia da Glória e amigo da família Talhinhas. Os Bonecos originais, assim como o restante espólio adquirido a Mestre Talhinhas estão expostos no Teatro Garcia Resende.
A pesquisa foi assegurada por Alexandre Passos que, acompanhado por Manuel da Costa Dias, garantiu também a recolha do repertório na primeira fase. A partir da fixação da nova ‘família’ dos bonecos, a conclusão da recolha foi assegurada pelos atores que a constituem.