Dalton Trevisan (n. em 1925, em Curitiba, no Sul do Brasil) foi distinguido com o Prémio Camões, no valor de cem mil euros, foi hoje anunciado em Lisboa. A atribuição do Prémio ao autor de ‘O Vampiro de Curitiba’, que em 2003 recebeu o Prémio Portugal Telecom, foi feita por unanimidade pelo júri, referiu a Agência Lusa.
Dalton Trevisan destacou-se, em particular, na arte do conto. ‘Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades’ (1998), ‘O Maníaco do Olho Verde’ (2008), ‘Violetas e Pavões (2009), ‘Desgracida’ (2010) e ‘O Anão e a Ninfeta’ (2011) são algumas das suas últimas obras.
‘Cemitério de Elefantes’ foi uma das primeiras obras do escritor editadas em Portugal, pela editora Relógio d'Água, na década de 1980.
A escolha de Dalton Trevisan «significa uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra», afirma o júri na ata, tornada pública pelo seu presidente, Silviano Santiago. O júri referiu as «incessantes experimentações [de Dalton Trevisan] com a Língua Portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma» e sublinha «a sua dedicação ao fazer literário, sem concessões às distrações da vida social e pessoal».
O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, sublinhou no anúncio da atribuição do Prémio «o papel importantíssimo de Dalton Trevisan na literatura brasileira» e a sua posição de «relativo afastamento dos holofotes da vida social e literária brasileira e de Língua Portuguesa».
Viegas salientou ainda que o distinguido «é autor de verdadeiras obras-primas da pequena história, das ‘short stories’ de Língua Portuguesa».
O Prémio Camões foi instituído em 1988 pelos Governos de Portugal e do Brasil e, segundo o texto do protocolo constituinte, consagra anualmente «um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum».
O júri da 24.ª edição do Prémio foi constituído por Alcir Pécora, da Universidade de Campinas, no Brasil, Rosa Martelo, da Faculdade de Letras do Porto, Abel Barros Baptista, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, a poetisa angolana Ana Paula Tavares, o escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, e o crítico, ensaísta e escritor brasileiro Silviano Santiago.
Ana Paula Tavares e Rosa Martelo fizeram também parte do júri do ano passado que distinguiu o poeta Manuel António Pina, o décimo português que recebeu o galardão.
O escritor Miguel Torga foi o primeiro galardoado, em 1989. Desde então foram já distinguidas 23 personalidades e apenas uma, o escritor angolano José Luandino Vieira recusou o Prémio, em 2006.
Na lista de distinguidos por país, a Portugal com dez distinguidos, segue-se o Brasil com nove personalidades, entre elas, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca.
Da lista de premiados constam ainda o poeta moçambicano José Craveirinha distinguido em 1993, o escritor angolano Pepetela, em 1997, e o cabo-verdiano Arménio Vieira, em 2009.
O júri reúne e anuncia o distinguido, intercaladamente, em Portugal e no Brasil.