No passado dia 20 de maio, o grupo Tragédia Formiguinha da Boa Morte brindou-nos com uma apresentação do Tchiloli - A Tragédia do Imperador Carloto Magno e do Marquês de Mântua.
Esta iniciativa contou com o apoio da Embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe e da ONGD Leigos para o Desenvolvimento, tendo como objetivo promover uma das principais formas de expressão da cultura santomense, a qual explora a música, o movimento e o corpo como dispositivos de comunicação.
Baseado no texto quinhentista do poeta madeirense Baltasar Dias, julga-se que o Auto do Tchiloli e o hábito do representar terão sido trazidos para São Tomé pelos mestres dos engenhos de açúcar para aqui deslocados. No entanto, ao longo dos tempos, a população local apropriou-se desta representação, construindo um espetáculo seu, onde está presente a cultura santomense.
Esta tragédia, naturalmente representada em pequenos terreiros das comunidades, conta a história do homicídio cometido pelo Príncipe Dom Carloto, que assassinou o seu amigo Valdevinos, por cobiçar a sua mulher. Perante este acontecimento, o Marquês de Mântua, a cuja corte pertencia a Valdevinos, exige justiça sob pena de desencadear uma guerra que pode levar à desagregação do Império. O pai do Príncipe Dom Carloto, o Imperador Carlos Magno vê-se assim perante o dilema de fazer justiça e condenar o filho ou entrar em conflito com o Marquês de Mântua e desencadear um conflito.
Uma tragédia feita de ódios, calúnias, traições, paixões e conflitos morais, que apaixona o público, mas também os atores, que se entregam e encarnam de forma notável as personagens.
Dos vários grupos que atualmente representam o Tchiloli em São Tomé e Príncipe, “A Formiguinha da Boa Morte” é o mais antigo, constituído a 21 de janeiro de 1956, e completou este ano 61 anos de existência.