Realizou-se, no dia 1 de fevereiro de 2020, mais uma edição do Festival Bangkok Edge, um dos mais reputados festivais de ideias e artes de Banguecoque, constituído por diversas palestras, apresentação de livros e oficinas, subordinados aos temas da Sustentabilidade e Direitos LGBTQI. Este festival realiza-se de dois em dois anos. Na edição anterior contou com uma apresentação do escritor Afonso Cruz.
Um dos painéis que constituiu a edição de 2020, Inching Towards Equity: Schools, Education and LGBTQI Realities, contou com a participação do ativista português João Valério, membro ativo da ILGA Portugal. Nesta apresentação e discussão, um painel de educadores e ativistas (locais, de Portugal e dos E.U.A.) discutiram os desafios e sucessos em torno dos esforços para acabar com os silêncios oficiais da escola sobre as realidades LGBTQI e a diversidade sexual.
João Valério referiu exemplos de boas práticas públicas levadas a cabo em Portugal e na Europa que têm contribuído para a mudança de mentalidade e integração das diversas identidades sexuais e de género que constituem a sociedade, como por exemplo o guia “Perguntas e respostas: sou jovem LGBTI”; aquela que foi considerada uma das melhores publicações sobre este tópico, “Guia para professores ou profissionais da educação: como lidar com um estudante LGBTI”; o projeto Abrigo para Jovens LGBTI e Educação LGBTI (que realiza sessões de esclarecimento nas escolas sobre orientação sexual, identidade e expressão de género), e finalmente Alianças de Diversidade.
Kevin Colleary, autor de programas curriculares de estudos sociais publicados pela McGraw-Hill Education e professor assistente na Universidade Fordham, apresentou à audiência os movimentos atuais que nos Estados Unidos, e pela primeira vez, desafiam professores e administradores escolares a incorporar conteúdos relativos às questões sociais e individuais LGBTI nos currículos de história e ciências sociais nas escolas públicas. Kevin Colleary referiu, ainda, a sua própria experiência na elaboração de materiais curriculares para escolas primárias na Califórnia, focando-se nomeadamente nos desafios e implicações para a implementação da Lei FAIR naquele estado.
Kwan Ross, psicóloga clínica tailandesa, chamou a atenção para a responsabilidade de pais, educadores e comunidades locais em assumir papéis ativos na educação e promoção de valores inclusivos nas crianças, apresentando exemplos práticos de integração.
Khun Cholchanok, curadora da exposição Gender Illumination, patente no Museu Siam em 2019, explicou a génese e o objetivo do projeto, referindo que é uma responsabilidade de qualquer instituição debater questões sociais que carecem de debate, como foi o caso desta mostra que trouxe a público um tema ainda silenciado na sociedade tailandesa.
Depois das apresentações individuais decorreu uma sessão de perguntas e respostas, com a participação ativa da audiência. No final da sessão, houve ainda lugar a um momento alargado de troca de ideias e contactos entre os palestrantes e membros da audiência.