Cerca de 17 mil livros, representando cerca de 800 títulos, desde a literatura à ciência e à didática, passando por obras de cariz infantojuvenil, vão estar à venda ao público timorense na Feira do Livro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Leitura em Viagem, que se realiza no Centro de Convenções de Díli, quando a capital timorense acolhe a cimeira de chefes de Estado e de governo da CPLP.
A realização da feira – com inauguração institucional marcada para 22 de julho de 2014, prolongando-se até ao próximo sábado (dia 26) – resulta de uma colaboração entre várias entidades, a saber, o Camões, IP, por Portugal, e a Secretaria de Estado da Arte e Cultura, o Ministério da Educação e a Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), por Timor-Leste.
Num quadro de promoção da difusão da língua portuguesa e da cultura de todos os países que integram a CPLP, objetivo da feira é melhorar o acesso da população timorense, e o de professores e estudantes em particular, a bibliografia diversa, nas várias áreas do saber, «a preços ajustados à realidade económica do país, contribuindo para a promoção dos hábitos de leitura em língua portuguesa».
Esta é já 6ª feira do livro que tem lugar em Timor-Leste. Os livros que estão à venda a preços reduzidos (os descontos variam entre os 40 e 70% dos preços de capa em Portugal) foram adquiridos a diversas editoras portuguesas (num total de 13.500 exemplares) ou são provenientes de fundos que ficaram da anterior feira do livro, em 2012. As obras que não vierem a ser vendidas na feira – uma eventualidade que os promotores não anteveem - serão oferecidas às bibliotecas do Mós Bele (Maubara) e à Biblioteca Xanana Gusmão.
Na escolha dos livros destinados ao público timorense houve «o cuidado de providenciar não só a ficção em língua portuguesa – uma vez que é [uma feira] sob a égide da CPLP –, mas também aquilo que os timorenses necessitam para os seus estudos – livros técnicos e livros ligados às didáticas. Também foi dada uma certa ênfase ao público infantojuvenil », repartindo-se a aquisição dos livros junto das editoras de forma mais ou menos igual pelas diversas temáticas.
Entre os livros de caráter técnico avultam as obras da área do direito, uma vez que o sistema jurídico de Timor-Leste independente bebe diretamente no dos países de língua portuguesa e de Portugal e a sua legislação é em português. Duas sociedades de advogados, a Abreu Advogados (Portugal) e a C&C (Macau), com escritório conjunto em Díli, propuseram-se, aliás, desenvolver enquanto parceiros uma campanha junto de editoras para que estas façam doações de obras de caráter jurídico destinadas à feira, cujo produto da venda reverterá para suportar os custos de organização da feira e para apoio a projetos culturais. Outras entidades que deram o seu apoio à realização da feira foram a Timor Telecom, a Sapo Timor-Leste e o Banco Nacional Ultramarino.
A programação cultural que acompanha a realização da Feira do Livro da CPLP prevê, além da apresentação da exposição de cartazes Potencial Económico da Língua Portuguesa, a presença em Díli do escritor português José Luís Peixoto. À data do fecho desta edição, o programa com o autor de Morreste-me ainda não estava fechado, mas previa fundamentalmente sessões de leitura e palestras para alunos timorenses, tanto em escolas de referência como na UNTL, e da Escola Portuguesa Ruy Cinatti. Na agenda cultural da feira, lugar ainda para Cidália da Cruz e Nito Mesquinho, vencedores do Prémio literário Ruy Cinatti, uma iniciativa da Imprensa Nacional – Casa da Moeda que visa selecionar e premiar uma obra em prosa ou poesia redigida em língua portuguesa, inédita, da autoria de um timorense.
A realização da feira será acompanhada da difusão de um spot televisivo, realizado pela empresa timorense de comunicação Crocfaek, por encomenda do Centro Cultural Português/Camões, IP, em Díli, em que se procurará transmitir aos timorenses a mensagem de que o português, com os seus 250 milhões de falantes, é uma língua global, a 5º língua mais usada na internet e a 3ª no Facebook, e uma importante língua de criação literária e de conhecimento. Falado oficialmente em quatro continentes, o português é ainda 1ª língua mais falada do hemisfério sul e a 4ª mais falada no mundo inteiro.