Um recital de leituras e piano de João Costa Lourenço marca a apresentação a 1 de junho de 2016, na Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, da tradução em francês da novela ‘O Mestre’, da escritora e artista plástica Ana Hatherly (1929-2015), obra lançada originalmente em 1963.
Publicada em dezembro passado pela casa editorial francesa ‘Anne Rideau’, com o apoio da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e do Camões, I.P., a novela, que tem em francês o título ‘Le Roi de Pierre’, foi traduzida por Catherine Dumas, professora de Civilização, Língua e Literatura Portuguesas na Universidade da Sorbonne Nouvelle-Paris 3.
Além da tradutora, estará presente na apresentação – realizada em colaboração com a Cátedra Lindley Cintra e o leitorado de Português da Universidade de Paris8 – a poeta, crítica literária e jornalista cultural Ana Marques Gastão (n. 1962, Lisboa, Portugal), da equipa de direção da revista Colóquio-Letras.
Nascida no Porto, Ana Hatherly teve um percurso transversal no cinema, artes plásticas, poesia e prosa, cruzando quase sempre as diferentes expressões artísticas. Tem o seu nome inscrito na vanguarda da poesia e na forma como o poema é escrito no papel, tornando-se numa obra visual.
Licenciada em Filologia Germânica e doutorada em Estudos Hispânicos, Ana Hatherly teve ainda formação em cinema e música e foi professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde cofundou o Instituto de Estudos Portugueses.
A autora foi ainda uma das fundadoras do PEN Clube Português e tem o nome inscrito na criação das revistas "Claro-Escuro" e "Incidências".
Iniciou a carreira literária em 1958 - celebrou 50 anos em 2008 -, tendo publicado nos primeiros anos as obras "Um ritmo perdido" e "As aparências".
A Sociedade Brasileira de Língua e Literatura distinguiu-a em 1978. Em 2009 foi distinguida como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
‘O Mestre’, que conta a história de uma discípula em busca de um mestre que a leve a descobrir o que é o amor, «marca o existencialismo de Ana Hatherly» e «merece atenção pelo humor, pelo drama, pelo conflito do amor e do ódio e pela tragédia daí resultante». Trata-se de «um clássico da moderna literatura portuguesa que, edição atrás de edição, tem vindo a marcar gerações de leitores».