ACTIVA EIXO 3 PAIDR | Projeto de Apoio Integrado ao Desenvolvimento Rural nas Regiões de Bafatá, Tombali e Quinara

O objetivo do projeto é contribuir para a melhoria sustentável das condições económicas e sociais das populações rurais da Guiné-Bissau, pela intensificação sustentável e valorização económica da produção agrícola, através do reforço das organizações de base comunitária. 

Descrição

A mecanização tem impacto imediato nas comunidades rurais. A produção de cereais, com recurso à mecanização, aumentou cerca de 85%. Graças à frota do projeto (17 tratores e 18 motocultivadores agrícolas), alcança-se o cultivo de uma área estimada de 4.373 hectares por ano, que corresponde a uma produção de mais de
7.785 toneladas de arroz para consumo. Este incremento beneficia diretamente 2.515 agregados familiares (0.96t/agregado para 1.78t/agregado), ou seja, cerca de 36.700 indivíduos. Adicionalmente, diminuiu o tempo e recursos dedicado a uma atividade desempenhada predominantemente pelas mulheres. Aumenta-se a capacidade de trabalho, as áreas cultivadas e a produção final.

No acesso ao Ensino, os cursos de alfabetização dirigidos a adultos atingiram um total de 853 formandos, dos quais 763 do sexo feminino. Por seu turno, o Centro de Ensino e Formação Agrícola (CEFA), construído de raiz pelo projeto em Buba, arrancou com 67 alunos no primeiro ano de funcionamento (2017/2018), e em 2020/2021 contava com 184 alunos inscritos. Ou seja, o investimento no reforço de competências em gestão de recursos, contabilidade básica, associativismo, mecanização, segurança, operação e manutenção de máquinas agrícolas, técnicas melhoradas de produção orizícola, hortícola e frutícola), etc., teve impactos claros na qualidade e na previsibilidade do setor.

Contexto

Entre 2002 e 2010, o último Inquérito Ligeiro de Avaliação da Pobreza indicava um agravamento da pobreza na Guiné-Bissau (˂2$/dia) de 64,7% para 69,3% e, principalmente, da pobreza extrema, de 20,8% para 33%. As regiões de Tombali, Quinara, Bafatá e Gabu tinham mais de 70% de pobres. Em 2016 o país tinha uma população estimada de 1,782 milhões, maioritariamente jovem (idade média de 21,7 anos) e rural (60%) e um IDH de 0,457, na 178ª posição.

Meios incipientes para a lavoura, acesso limitado a sementes melhoradas, adubos orgânicos ou a espécies de maior rendimento, limitavam a produtividade da agricultura tradicional. Sem capacidade de produção, a insegurança alimentar era crónica. Boa parte das atividades de produção e transformação de alimentos cabe às mulheres, mas a ocupação permanente com trabalho intensivo e de baixa produtividade, apenas para suprir carências alimentares, não permitia que se desenvolvessem outras atividades de geração de rendimento, perpetuando o ciclo da pobreza rural.

Em paralelo, a probabilidade de acesso à escola era de 76% em 2009 e a probabilidade de escolarização básica dos rapazes entre 1,4 (meios urbanos) e 1,9 (meios rurais), superior à probabilidade de escolarização das raparigas. Nos agregados familiares mais pobres, apenas 12% das mulheres eram alfabetizadas.

Num contexto em que não havia uma instituição nacional que oferecesse cursos de formação profissionalizantes para jovens agricultores ou para outros serviços com vocação de apoio às organizações associativas, a União Europeia e a Cooperação Portuguesa uniram esforços para reforçar a capacidade de 30 associações de produtores, através da promoção da mecanização agrícola e da introdução de novas técnicas e tecnologias, com vista à melhoria da produção, mas também do reforço das competências pessoais e das capacidades de gestão de recursos daquelas associações.

Em parceria com a Direção Geral de Alfabetização e Ensino não Formal, do Ministério da Educação Nacional da República da Guiné-Bissau, o projeto contribuiu para implementação de cursos de alfabetização funcional nas comunidades beneficiárias. O projeto assegurou ainda a oferta de ensino secundário, com componente técnica de agricultura, de formações de curta duração e prestação de outros serviços (oficina de mecânica agrícola, loja de produtos agrícolas, etc.), em parceria com a Caritas de Bafatá.

 

FichaUEACTIVA

 

"Este curso (de alfabetização) é muito bom, porque a maioria de mulheres aqui não sabia ler nem escrever, mas agora aprendemos e mudamos bastante a forma como encaramos os assuntos da associação e das nossas vidas; conseguimos até acompanhar a escolarização dos nossos filhos mais pequenos."

- Cadi Mané, agricultora e formanda nos cursos de alfabetização funcional